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OFICINA DE HISTÓRIA: HISTÓRIAS, MEMÓRIAS E RESISTÊNCIAS [parte 3]

 

Por: Eliandra Gleyce Rodrigues e Francicléia Ramos Pacheco.


Nesta terceira parte da oficina, convidamos você a ouvir o podcast, em que alguns moradores do quilombo Campo Verde, relatam suas experiências pessoais acerca da escola, trabalho, viver e  residir na comunidade, perspectivas futuras de vida, o ingresso e a permanência na Universidade Federal Pública e gratuita no estado do Pará, a partir do compartilhamento de relatos pessoais no podcast, vamos  ouvir a importância da escola local e o que ela representa, como os alunos estão se preparando para o ENEM nesse período pandêmico do COVID-19,  as falas de alguns sobre o ingresso na faculdade por meio das cotas e a importância do Processo seletivo especial, dificuldades enfrentadas na universidade, as conquistas e a conclusão do curso, e opinião sobre como se enxergam enquanto sujeitos ativos e o retorno social para a comunidade e formas de contribuir e fortalecer o quilombo e suas sociabilidades cotidianas.

É importante ressaltar que decorrente desse processo de lutas e resistência, os moradores carregam consigo as conquistas e reivindicações conquistadas ao longo dos anos, sabendo que a possibilidade de adentrar em uma Universidade, são conquistas que herdaram dos seus antepassados, e que, portanto, devem honrar esse privilégio. Através dos relatos desses moradores percebemos a real importância da Universidade, por aquilo que ela é, e pelas possibilidades que oferece a esses indivíduos, uma maneira de melhorar de vida e de transformar a realidade em que vivem, levando todo o conhecimento, aquilo que aprenderam para colocar à serviço da sua comunidade, Lopes (2017), em seu estudo sobre o território quilombola de Araquembaua na cidade de Baião que fica na região do Baixo Tocantins no Pará, cita o benefício que as cotas por exemplo, proporcionaram na possibilidade dos jovens da comunidade terem acesso as universidades públicas e que isso mobiliza toda uma perspectiva em relação a esse retorno social, ela identifica da seguinte maneira que “[...] uma mudança de postura em relação a assunção da ancestralidade quilombola deriva do número significativo de jovens que tem conseguindo entrar nas universidades públicas por conta das cotas e projetos destinados ao público quilombola. A perspectiva de conseguir conquistar uma vaga em universidades públicas e gratuitas tem estimulado o retorno ao território.” (Lopes, 2017, p. 123) com isso ela nos aponta também um aspecto de mudança no modo tradicional de se trabalhar e produzir na terra visto que “Os jovens têm investido mais intensamente na formação intelectual e tem buscado alcançar postos de trabalho remunerados e, nesse sentido, o território vem incorporando objetos que configuram postos de trabalho como as lojas, as padarias, as casas comerciais, entre outros” (LOPES, 2017, p.128) então concluímos que e mesmo nas dificuldades esses indivíduos buscam forças na luta de seus antepassados para continuar enfrentando o preconceito e a discriminação que está sempre presente, uma luta diária pelo reconhecimento e valorização de seus direitos.

Souza (2017) no desenvolvimento de uma pesquisa que visava “a prática docente e as relações étnico-raciais nas atividades e provas escolares da região metropolitana de Belém (2008-3015)” menciona na pesquisa que com a legislação teve um marco importante e que de certo modo na análise feita pela autora “houve muitos avanços na educação sobre relações étnico-raciais” ( SOUZA, 2017, p. 6) mas que ainda assim é preciso avançar mais, porque como observado pela autora  ainda há “[...] situações do cotidiano, é perceptível a necessidade de propor ações afirmativas que contribuam para que a sociedade em geral reconheça e valorize a diversidade e se portem como pessoas conscientes e que respeitam as diferenças étnicas” (SOUZA, 2017, p. 6). Dessa forma, concluímos que, o acesso a Universidade por meio dos PSE’s e os debates em torno de étnicorraciais e multiculturalismo tem fortalecido o debate e o contexto social, como nota a autora ainda precisamos avançar muito lentamente passos que estão sendo dados, após essa breve bibliografia vamos ouvir com os moradores do quilombo Campo Verde informações e visões sobre trajetória de vida, lutas, conquistas, enfrentamentos de dificuldades e etc.



Convidamos você a Ouvir e Interagir  conosco por meio de seus comentário .

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                                              PARTE 3.1 DA OFICINA DE HISTÓRIA

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Notas

Nossos sinceros agradecimentos pela participação e contribuição por compartilhar os relatos pessoais no podcast e assim somar na a realização dessa oficina, agradecimentos a: Edson Wanderson Nogueira Cordeiro, Denilson Silva Guimarães, Tamilles Siva da Trindade, e Marly Trindade dos Santos, todos residentes do quilombo Campo verde em Concordia do Pará.

As entrevistas feitas com os moradores da comunidade quilombola por Elizabete T. da Silva  respeitaram as normas de segurança e medidas sanitárias vigentes no país, bem como respeitando as orientações  dada pelo Governo Federal e Ministério da Saúde como distanciamento social de 2M,  evitando aglomeração e quaisquer outras atitudes que pusessem em risco a saúde alheia com o uso combinado de máscara, álcool em gel e etc. Vale reforçar que a acadêmica do curso de História da  UFPa Ananindeua, Elizabete atua na comunidade em que mora como agente de comunitária de saúde.

No material didático desenvolvido no ano de 2017 “Quilombo Campo Verde Concórdia do Pará - Uma Lenda do Quilombo A cobra grande”, agradecimentos a Kleoson Costa pelo batuque samba de cacete, Elizabete pelo canto, a entrevista cedida gentilmente pelo morador José Francisco Maciel da Silva, e ao final do vídeo as músicas cantadas e Guitarra aos moradores, Canuto Cordeiro dos Santos, Marta Trindade dos Santos, Mariane Trindade dos Santos, e Marilda Trindade dos Santos. Nossa imensa gratidão pela contribuição.

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